Batismo de Francisco Silvério, em Baturité, Ceará, nascido em 07 de Dezembro de 1860.

Batismo de Francisco Silvério, em 28 de Junho de 1861

Francisco, pardo, filho natural de Justina, escrava de Silvério Manuel do Nascimento, nasceo à sete de Dezembro de mil oitocentos e sessenta e foi batizado solenemente como livre perante as testemunhas Antônio da Costa Pereira, casado, e Antônio Barros da Silva, solteiro, a vinte oito de junho de mil oitocentos e sessenta e um. Foram padrinhos Francisco Antônio das Chagas Freire, casado, e Maria …… ……., solteira, moradores nesta freguesia. E lavrei esse assento.
O Vigário Raimundo Francisco Ribeiro¨

Note-se escrito no lado direito: Francisco, Liberto.

Essa é uma digitalização e uma transcrição feita por mim, do assento de batismo de meu bisavô Francisco Silvério, pai de minha avó materna, Iracema.

Sabíamos em família que ele era filho do dono da Fazenda com uma escrava, e que por isso o pai tinha o colocado para estudar. Ao achar esse assento de batismo no livro de Batismos da Igreja Nossa Senhora da Palma , de Baturité, Volume de Janeiro de 1861 a Julho de 1866, conseguimos identificar algumas questões que vêm confirmar a narrativa familiar, mesmo que não seja prova cabal.
O primeiro caso é fato de Francisco ter nascido pardo, e não preto. Se ele nasceu pardo, então é fato não era filho de Justina com outro escravizado (O nome Justina também descobri nesse assento de Batismo). Confirmando a hipótese que era mestiço
O segundo caso é que Francisco nasceu liberto, como consta na anotação à margem direita do termo, e como é informado com a palavra ¨livre¨, dentro do texto. Ora, a lei do ventre livre só entrou em vigor em 28 de Setembro de 1871, uma década depois do nascimento de Francisco. Então qual seria o motivo de Francisco nascer liberto?

Possivelmente isso foi decidido por causa das condições de seu nascimento. Não acredito que o pai de Francisco fosse um abolicionista. Nota-se também que Francisco nasceu liberto, mas sua mãe Justina permaneceu escrava, como consta no texto.
Enfim, suposições apenas em cima de análise das informações que temos.

De fato Francisco Silvério recebeu educação, tornou-se escritor, publicou 4 livros (Cantos Singelos, Cromos, Dumont e o espaço (Ou Sonhos aéreos) de 1902, (a 2ª Edição dos dois primeiros foi acrescida de Versos Inéditos (1904) e foi um dos Fundadores do Centro Literário, que foi uma importante sociedade cultural do início do século XX.

Na vida profissional foi ourives e funcionário público.

Existem citações sobre ele no livro 1001 Cearenses notáveis, de autoria de F. Silva Nobre (http://portal.ceara.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2221&catid=293&Itemid=101), Na Revista do Instituto do Ceará de 2010 (http://portal.ceara.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=28743&catid=332&Itemid=101) e também no Dicionário Bio-bibliográfico Cearense de autoria do Barão de Studart (http://portal.ceara.pro.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1486&catid=292&Itemid=101). Os links que coloquei acima são do portal da História do Ceará.

Capa da identidade de Francisco Silvério
Parte interna da Identidade de Francisco Silvério emitida em 20 de Maio de 1936, dois anos antes de seu falecimento.

Na identidade consta que a data de nascimento foi dia 07 de Dezembro de 1862, porém em todas as outras fontes constam 07 de Dezembro de 1860. Para Barão de Studart o próprio Francisco Silvério disse a data e ainda consta o local de nascimento, o Sítio Bom Sucesso, em Guaramiranga; e no assento de batismo, que é fonte primária, também confirma ser 07 de Dezembro de 1860.

Na época de seu nascimento, Guaramiranga ainda pertencia a Baturité, e a igreja Nossa Senhora da Conceição, que é em Guaramiranga, só foi inaugurada em 1873. Por isso o seu registro foi feito na Igreja Nossa Senhora da Palma.

O Autor Guethner Gadelha Wirtzbiki é bisneto por via materna do poeta Francisco Silvério

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